segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Sobre dias difíceis e decoração frustrada

...É eu sei! Faz tempo que não dou as caras por aqui, mas é que os tempos têm sido difíceis!
Sabe aqueles dias de sexta feira tediosa onde tudo está em seu devido lugar, e de repente um artefato explosivo (mais conhecido como bomba), detona bem no meio da sua sala? Pois é, tá rolando uma semana dessas por aqui!
Eu estava morando na minha cabaninha de paz, e de repente a vida me fez engolir uma situação que eu não estava preparada para lidar. Ok! Sabemos que a vida também é feita de sabores amargos e é isso que nos torna viscerais.
No meio de alguns dias de profunda tristeza e todo desânimo que a minha cama conseguia comportar, resolvi me levantar e fazer alguma coisa pra ocupar a cabeça, tentar me animar um pouco. Olhei para o móvelzinho feio da sala que a tempos venho prometendo dar um jeito, e o escolhi para me distrair nesses dias cinzentos...
...Eu pensei no que faria... Eu comprei os materiais... Eu gastei todo meu tempo livre durante uma semana... E quando terminei... Achei horrível! Nem preciso contar que sentei no chão e comecei a chorar, né?
De primeiro instante, fiquei tentando achar uma justificativa para argumentar com meu gosto que meu trabalho não tinha ficado tão ruim assim. Por uns 2 dias, fiquei tentando me acostumar com ele, por pensar que assim eu me sentiria melhor, afinal, admitir que eu havia gasto tempo, dinheiro e criatividade para nada iria me deixar frustrada (em situações normais eu lido bem com frustrações bobas, mas ultimamente eu não tô podendo!), mas numa rompante súbita de realidade a minha farsa não conseguiu mais se sustentar, e eu tive que admitir: "Sim, você gastou sua energia para nada, ficou péssimo!"
Depois de ensaiar um choro de decepção, decidi apenas desmanchar o que havia feito, sem remorso! Apenas devolver aquele móvel bobo sua forma anterior, que apesar de monótona, era mais gentil com meu gosto. 
Eu chorei muito enquanto fazia isso... Agora não mais pela frustração de desmanchar um trabalho, mas por perceber a vida me fazendo entender coisas que uma cabecinha triste não compreende até compreender. A vida faz a gente pensar nela com analogia a um móvel velho, pode?
O meu apego por aquele móvel feio era tão desnecessário quanto a minha tristeza por coisas que desabaram... A gente fica tanto tempo cultivando um plano na cabeça, que mesmo quando tudo dá errado, não conseguimos nos desfazer dele. Além do apego que normalmente temos por nossos sonhos antigos, dá uma sensação de culpa e de incompetência abandoná-los!
Desmanchando meu trabalho eu comecei a refletir que às vezes, desconstruir é o melhor a se fazer. Comecei a pensar que a vida é assim mesmo, por mais que se aplique dedicação, afeto e o melhor plano do mundo nos nossos sonhos, algumas vezes as coisas simplesmente não dão certo, e é preciso maturidade para entender isso e desistir a tempo de preencher o coração com novos sonhos, ou passar a vida com um móvel feio na sala só por que você o fez com muito trabalho. 
Eu escolho encher meu coração com novos sonhos, e desistir dos antigos me tirou um peso das costas.
Às vezes é bom desistir, às vezes é bom desconstruir, e é sábio aceitar que o fracasso é tão provável quanto o sucesso, e que não aceitar isso não torna o fracasso menos desconfortável ou o sucesso mais provável. Ter sucesso e fracassar faz parte da vida.
Dia desses vi um vídeo do PC Siqueira (Canal Maspoxavida) sobre fracasso que me chamou atenção pela forma como o assunto foi tratado. Pela primeira vez vi alguém dissertar sobre o fracasso com certo respeito. Como uma realidade tão comum na vida das pessoas quanto elas querem esconder (como se a gente tivesse que sentir vergonha por nossos fracassos, como se diferente do sucesso ele não nos acrescentasse nada).
O vídeo é muito bom, e apesar da ideia de tratar o fracasso como algo positivo parecer um tanto absurdo para a turminha do "because i'm happy", vale a pena refletir sobre o assunto e se permitir ter um conceito menos passional do sucesso ou do fracasso.

Abraços com afeto!